A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lançou nesta terça-feira o Jurômetro, uma ferramenta online que calcula quanto o governo brasileiro pagou em juros da dívida no acumulado do ano. Além disso, o instrumento permite comparar o que o governo poderia fazer com o dinheiro em relação à educação, habitação, renda e transportes, como por exemplo, quantas escolas ou casas populares poderiam ser construídas, quantas cestas básicas poderiam compradas, ou quantos novos aeroportos poderiam ser inaugurados. De acordo com o Jurômetro, o País já pagou cerca de R$ 216 bilhões em juros no acumulado de 2011, montante suficiente para construir 332 aeroportos.
Ainda no transporte, o dinheiro poderia ser destinado à construção de 90 mil km de ferrovias e 166 km de rodovias. Caso fosse destinado à renda, daria para pagar 397 milhões de salários mínimos, ou 896 milhões de benefícios do Bolsa Família. O montante poderia arcar com os custos de 667 milhões de cestas básicas.
Na educação, o total pago daria para manter cerca de 104 milhões de crianças estudando, além de equipar 527 mil escolas e construir outras 234 mil. Já na habitação, os R$ 216 bilhões poderiam ser destinados à constução de cerca de 3 milhões de casas populares, 100 milhões de novas ligações de água e 64 milhões de ligações de esgoto.
A ferramenta utiliza dados oficiais do Banco Central (BC), corrigidos com base em mudanças na meta da taxa básica de juros (Selic) e do número de dias. Segundo o BC, a dívida pública líquida do País é de 37,2% do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado em 12 meses. De acordo com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o objetivo é mostrar para a população o que ocorre quando a taxa de juros aumenta ou diminui.
"Quantos sabem o que representa 1 ponto percentual nos juros? Além disso, o objetivo é haver mais conscientização por parte da sociedade, e talvez lembrar as pessoas do BC que aqueles valores são muito elevados", afirmou Skaf. A Fiesp está construindo paineis do Jurômetro para serem colocados em frente a sede da instituição, na avenida Paulista em SP, e próximo ao BC em Brasilia.
A Fiesp acredita que se a Selic for mantida em 11,5% até o fim do ano serão pagos pelo governo R$ 240 bilhões em juros da dívida pública. A média de juros reais no mundo é de 0,04%, enquanto no Brasil é quase de 6%, segundo a entidade. O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira à tarde e termina amanhã a última reunião de 2011. A expectativa dos analistas financeiros da iniciativa privada é de redução para 11% ao ano.
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