domingo, 21 de julho de 2019

DR. CLÓVIS DE AZEVEDO PAIVA.


Por Orlando Calado

O ano era 1917. O lugar, São Bento do Una, no Agreste de Pernambuco. O nascimento era de Clóvis de Azevedo Paiva, filho de Virgílio de Oliveira Paiva e Mariá de Azevedo Paiva. Na época, o menino interiorano ainda não sabia que se tornaria um dos maiores nomes da oftalmologia no Brasil.
Quando chegou ao Recife, Clóvis Paiva trabalhou como cantor e locutor da rádio Clube de Pernambuco para custear os estudos na Faculdade de Medicina do Recife, que na época era paga. Fez tanto sucesso que era conhecido como “o cantor romântico”. Ele se apresentava nos programas Hora azul das senhorinhas e Quarto de hora com Clóvis Paiva, além de ser um dos mais requisitados locutores da rádio. Tanto é que foi ele quem abriu a programação de gala no dia da inauguração das novas instalações da emissora. Mas o pensamento era único: ser médico.
Como médico, Clóvis Paiva foi responsável por dois feitos que ganharam relevância e notoriedade no país. Com apenas 29 anos, foi o segundo oftalmologista a realizar um transplante de córnea no Brasil, sendo o primeiro nas regiões Norte e Nordeste, no Hospital Pedro II, no Recife, em 1947; e, cinco anos depois, realizou a primeira cirurgia de catarata com implante de lente intraocular da América Latina, em 1952. A notícia se espalhou pelos quatro cantos do Brasil e contribuiu ainda mais para consolidar definitivamente a carreira do professor Clóvis Paiva, como passou a ser chamado por todos.
Aos 32 anos, tornou-se o primeiro professor catedrático de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, onde, nos anos de 1965 a 1968, foi diretor. Entre 1979 e 1981, o professor Clóvis Paiva foi presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO, órgão máximo da oftalmologia brasileira. Ao longo da carreira, consolidou seu legado recebendo inúmeros prêmios, medalhas, títulos, diplomas de honra e placas de homenagens.
No livro Clóvis Paiva, um médico sem fronteiras, do jornalista Carlos Cavalcante, publicado em 2004 no Recife, há depoimentos de várias personalidades da área médica, de jornalistas, familiares e amigos. O livro guarda relatos emocionados do médico espanhol Joaquín Barraquer, considerado o maior oftalmologista da atualidade; do médico americano Louis J. Girard, professor do Baylor College of Medicine Houston, no Texas, um dos maiores oftalmologistas dos Estados Unidos; e do professor Rubens Belfort Júnior, oftalmologista mais conceituado no Brasil e no exterior.
Clóvis Paiva, que morreu em 2000, aos 82 anos, dedicou a vida inteira ao exercício da medicina e deixou para a oftalmologia brasileira uma rica história de sucesso.

terça-feira, 16 de julho de 2019

História de São Bento do Una



São Bento do Una é um município brasileiro do estado de Pernambuco. Administrativamente é composto pelos distritos sede e Espírito Santo, e pelos povoados de Jurubeba, Pimenta, Queimada Grande, Maniçoba e Gama.

São Bento do Una nasceu espontaneamente, por volta de 1825, originada do que foi uma fazenda chamada Santa Cruz, pertencente a Antônio Alves Soares, fugitivo da grande seca que chegou à região em 1777. Em pouco tempo, com a chegada de mais colonos, toda a região dos vales do Rio Una, Ipojuca e Riachão tornou-se habitada e próspera.


Preocupados com o incomum aparecimento de cobras venenosas naquelas inóspitas paragens, os novos habitantes, demonstrando profundo sentimento religioso, invocaram em preces fervorosas a proteção de São Bento, santo reconhecido como protetor das vítimas dos ofídios. E foram tantos os apelos, e tanto se falou em São Bento, que culminou com a mudança de nome do lugar para "Povoado de São Bento".

Com a chegada de mais pessoas, inclusive o Padre Francisco José Correia, fez-se erigir um imenso cruzeiro, transformado anos depois, na Capela onde surgiria a Igreja Matriz.

A emancipação política ocorrida em 30 de abril de 1860 transformou o próspero Povoado em Vila, desmembrando-se de Garanhuns.

Tendo em vista o desenvolvimento da vila, São Bento foi elevado a categoria de cidade através da Lei Estadual 440, de 8 de junho de 1900.

Pelo anexo do decreto-lei estadual n. 952, de 31 de dezembro de 1943, quase meio século depois, para evitar que seu nome fosse confundido com outras localidades que possuíam o mesmo nome, foi-lhe acrescentado o "do Una", inspirado no nome do rio homônimo que corta a cidade. Segundo o escritor são-bentense Gilvan Lemos, a ideia de acrescentar a expressão "do Una" ao topônimo São Bento foi do general João Augusto de Siqueira, também filho da cidade.