sexta-feira, 1 de julho de 2011

Osvaldão, um guerreiro imortalPDFImprimirE-mail
Especial televisivo traça perfil desse brasileiro que é exemplo de militância.

No prédio da sede nacional da UJS, a sala da Comunicação da entidade tem a honra de ser batizada como “Sala Osvaldão”. É uma homenagem ao grande brasileiroOsvaldo Orlando da Costa, nascido em Passa Quatro (MG) e que deu sua vida ao país sendo um dos líderes revolucionários na Guerrilha do Araguaia.

Muito tempo se passou desde sua morte, ainda sem um ponto final, já que sua ossada não foi devolvida à família e um processo internacional ainda está em andamento para definir a questão. Porém, é a vida de Osvaldão que deve ser sempre lembrada e louvada, para que ele seja cada vez mais conhecido, principalmente pela juventude.

É o que fez a reportagem especial do programa “Histórias do Esporte”(confira no link os últimos dois vídeos), exibida no último final de semana no canal ESPN Brasil. Nela, são mostradas algumas facetas da vida de Osvaldão antes da participação na Guerrilha, seus parentes e sua vida de boxeador. Uma vida de luta contra a desigualdade e em defesa do Brasil, fomentada desde a infância por seu pai.

Como complemento aos vídeos, vale reproduzir as palavras do jornalista Bruno Ribeiro, em resenha no blog A Trincheira sobre o livro “Osvaldão e a Saga do Araguaia”, de Bernardo Joffily, para se ter uma noção exata do significado de Osvaldão na luta contra a ditadura: “Conta Joffily que nos terreiros de terecô (religião mestiça de índio que se assemelha à umbanda na região do Amazonas), toda entidade que baixa diz que Osvaldão é imortal e, portanto, continua vivo, nas entranhas da floresta. O povo da região dizia também que o guerrilheiro tinha o poder de se transformar em pedra, árvore a até mesmo em bicho, para afugentar ou despistar o inimigo. Estas histórias, naturalmente, eram frutos da imaginação dos moradores da área. Mas o próprio Osvaldão conhecia e respeitava as lendas brasileiras e foi graças à lenda do Curupira que ele teve a idéia de inverter as solas das botinas usadas pelos guerrilheiros e, assim, confundir os soldados - que seguiam as pegadas no sentido contrário e acabavam caindo em armadilhas e emboscadas.

Osvaldo Orlando da Costa era um negro de quase dois metros de altura e 100kg. Nascido na cidade de Passa Quatro (MG), radicou-se no Rio de Janeiro, onde foi campeão de boxe pelo Botafogo e chegou a ser tenente do Exército. Engenheiro formado em Praga, na Checoslováquia, era inteligente, gostava de dançar e tinha um bom humor inconfundível. Em meados dos anos 60, sua aguçada sensibilidade social levou-o ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Quando os militares deram o golpe e passaram a perseguir e exterminar militantes de esquerda, Osvaldão foi o primeiro a se alistar nas fileiras revolucionárias e o primeiro a chegar à região do Araguaia, onde atuou como garimpeiro e mariscador, para não levantar suspeitas.

Sua disciplina e coragem levaram-no a ser comandante do Destacamento B – cargo que exerceu até o fim da guerra (terminada exatamente com seu assassinato, em janeiro de 1975). Osvaldão foi o último a guerrilheiro a cair. Faminto, sem armas e sem munição, doente e nu, foi surpreendido numa roça de milho por um grupo de soldados. Quem atirou, porém, foi um mateiro de nome Arlindo Piauí, contratado pelo Exército por ser conhecedor da área. Morto com uma bala de espingarda no coração, o gigante negro foi amarrado a um helicóptero, pelos pés, e exibido como um troféu à população pobre, que o apoiava. Depois, teve a cabeça cortada. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Ele tinha 34 anos.

Assassinado – assassinado sim, porque estava desarmado no momento do encontro – Osvaldão não teve tempo de esboçar reação ou dizer uma última palavra. O corpo tombou na direção de um remanso e o sangue tingiu o rio”.

Osvaldão, como se vê, jamais irá tombar dentro das almas revolucionárias.

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