sexta-feira, 1 de julho de 2011

UFRJ vai adotar o Enem como vestibularPDFImprimirE-mail
Sex, 01/07/11 10h27
Universidade também vai ceder 30% das vagas para egressos de escolas públicas ou com baixa renda familiar.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu nesta quinta-feira acabar com a prova de vestibular para ingresso na instituição. Em reunião que durou cerca de 3 horas, os integrantes do Conselho Universitário (Consuni) aprovaram a adesão total ao Enem. No ano passado, 40% dos alunos ingressaram na UFRJ por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação.

“Pela primeira vez, veremos estudantes entrando por um sistema único, federal, na universidade. Criamos um ambiente de cooperação”, afirmou o reitor Aloisio Teixeira, ao ressaltar que a intenção é unificar o acesso ao ensino superior federal. Na reunião, ficou decidido ainda que 30% das vagas serão preenchidas por egressos do ensino público, desde que a renda per capita familiar seja de R$ 545 (um salário mínimo). No ano passado, as cotas preencheram 20% das 9.060 vagas oferecidas.

Embora menos turbulenta do que as discussões que definiram a adesão parcial ao Enem e o início das cotas na instituição, no ano passado, a reunião não foi marcada pelo consenso. A proposta de abolir o exame próprio – um dos sistemas mais elogiados por especialistas, por ter uma prova inteiramente discursiva – não foi bem recebida por todos.

Um dos argumentos mais lembrados pelos conselheiros contrários à adesão total ao Enem foram as falhas ocorridas nos dois últimos anos, com vazamento das questões, em 2009, e erro na impressão de provas e cartões, em 2010. “Acho arriscado (aderir 100% ao Enem). É uma decisão legítima, aprovada pela maioria, mas foi prematura e acelerada. Essa discussão deveria ter passado pelo Conselho de Ensino de Graduação (CEG), para que o assunto pudesse ter sido aprofundado”, defendeu o professor Nelson Ricardo de Freitas Braga, representante dos professores associados do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza.

Já o diretor do Instituto de Física, José D’Albuquerque e Castro, acha a adesão total ao Enem “um caminho interessante”. “Eu simpatizo com a ideia de ter o Enem como único acesso, mas representa uma responsabilidade grande para os organizadores da prova. Se não der certo, sempre há possibilidade de uma volta ao sistema anterior no próximo ano.”

Alunos e professores comemoraram a ampliação das cotas. “Foi uma decisão importante. Conseguimos ampliar em 50% o número de vagas para a escola pública e deixando menos margem para que as pessoas que tenham melhores condições socioeconômicos ocupem de vagas”, afirmou o professor de Economia Marcelo Paixão. Ele lamentou que “por muito pouco” não foi aprovada a cota pelo critério étnico. “A votação ficou em 17 a 12. A UFRJ continua sendo fundamentalmente branca, mas a decisão apertada nos deixa otimistas”.

Diretores de cursos pré-vestibular já começaram a traçar estratégias com o anúncio do fim do vestibular da UFRJ. “Os alunos vão ter redirecionar seus estudos. É claro que a mudança causa insegurança. Mas o nosso discurso é para que não diminuam o ritmo de estudos”, afirmou Rafael Cunha, diretor do Colégio e Curso Pensi, que tem 15 unidades e cerca 5 mil alunos.

Por Estadão.com.br

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