Em meio aos festejos do carnaval, durante a madrugada de domingo (19), mais de 200 homens da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo aproveitou o momento de pouca circulação para agir contra o espaço de moradia autônomo dos estudantes, conhecido como Moradia Retomada da Universidade de São Paulo (USP).
Balas de borrachas foram utilizadas e nenhum estudante dos outros blocos de moradia puderam se aproximar para ao menos filmar as ações. Ao todo, 12 estudantes foram detidos e levados ao 14º DP em Pinheiros. Eles estão sendo acusados de desobediência civil e danos ao patrimônio público e só sairão sob pagamento de fiança.
Diversos atos estão sendo organizados na USP contra a ação truculenta da polícia militar que, novamente, reuniu aparato de filme para agir contra os estudantes. No site “USP em Greve” é possível acompanhar as atividades dos estudantes.
Alexandre “Cherno” Silva, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), avaliou a ação como “ato de covardia” e questiona as políticas de permanência estudantil que são promovidas dentro da universidade. “Depois de uma série de violações de Direitos Humanos durante a reintegração de posse da Reitoria Ocupada no final do ano passado, demissões em massa e ataque ao espaço do Núcleo de Consciência Negra, o reitor segue sua gestão coordenando a USP como se fosse uma empresa”, avaliou o presidente, que ainda concluiu:
“O espaço é legítimo e provou ao longo de quase dois anos dar mais assistência aos calouros do que o sistema burocrático destinado a isto. O espaço deve ser preservado como polo importante para a luta dos estudantes e, de forma alguma, pode ser tratado como caso de polícia. Devemos analisar com cautela a situação que encontra o CRUSP hoje”.
Moradia Retomada
Em março de 2010, frente a mais de 100 calouros que tiveram o alojamento emergencial negado pela COSEAS, os moradores do CRUSP, reunidos em assembleia, decidiram pela retomada de parte do bloco G que antes era moradia e havia sido tomada pela Divisão de Promoção Social da COSEAS e pelo banco Santander, inviabilizando a utilização do espaço como moradia estudantil. Mesmo diante da falta de vagas, a reitoria criminalizou esse movimento expulsando 6 estudantes em dezembro de 2011.
Esta ocupação, além de permanência estudantil imediata, serviu para pressionar a Reitoria a finalizar a construção de um novo bloco no CRUSP, uma conquista do acordo resultante da ocupação da Reitoria em 2007.
Permanência estudantil
A luta pela moradia estudantil na USP é antiga. Foi somente com a justificativa de abrigar atletas dos Jogos Pan americano, da década de 60, que a Reitoria construiu 12 blocos do atual CRUSP (Conjunto Residencial da USP). Negada a liberação do uso dos blocos para moradia estudantil, os estudantes ocuparam bloco por bloco, entre os anos de 64 e 68.
Fonte: UNE
Nenhum comentário:
Postar um comentário