Na capital do Rio de Janeiro estudantes ocuparam novamente as ruas para protestar contra o reajuste exacerbado nas mensalidades das universidades Gama Filho (UGF) e UniverCidade e em defesa da garantia do pagamento dos professores mestres demitidos nestas instituições.
Na última quinta-feira (12), mais um ato deu sequencia às manifestações deste início de ano. Centenas de estudantes se concentraram em frente a UGF-Candelária e caminharam até a Galileo Educacional, mantenedora que adquiriu recentemente as duas instituições. O grupo demitiu professores das faculdades sem cumprir com o pagamento dos direitos trabalhistas e impôs um reajuste de 25% na mensalidade, um aumento acima do índice de inflação indicado pelo IPCA.
Com o apoio da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Sindicato dos Professores (SINPRO-RIO), os alunos obtiveram nesta quinta-feira um saldo positivo em relação às últimas manifestações e caminham para negociações.
“Conseguimos abrir um canal de diálogo com a reitoria e os universitários. Na semana que vem, uma comissão de estudantes será recebida pelo reitor para tratar especificamente do assunto. O grupo deve explicações para toda comunidade acadêmica e o movimento para reverter este quadro não deve de forma alguma esfriar. Este avanço foi fruto de intensas mobilizações neste início de ano e o objetivo é de não cessar as manifestações enquanto não for reduzido o valor do reajuste e pago todos os direitos dos professores demitidos”, avaliou o presidente da UEE-RJ, Igor Mayworm.
Na próxima terça-feira, às 17h, haverá um novo ato no mesmo local do anterior e tudo indica que o número de participantes será ainda maior. “É fundamental que todos participem para que a nova reitoria atenda nossos pedidos”, convoca Mayworm.
UNE em peso na manifestação
O presidente da UNE, Daniel Iliescu, fez questão de participar desta última manifestação em frente ao grupo Galileo Educacional e denunciar arbitrariedades. “Desde a compra destas instituições pelo Grupo Galileu Educacional, vem acontecendo uma série de desrespeito aos estudantes e funcionários. Sob o pretexto de reorganizar a gestão, o grupo vem tomando uma série de medidas arbitrárias que comprometem a administração das universidades, em especial a demissão de 300 acadêmicos e o aumento abusivo da mensalidade. Não vamos recuar um passo enquanto a democracia e a qualidade de ensino não forem reestruturadas”, explicou.
Também estiveram presentes no ato a vice-presidente da UNE, Clarissa Alves da Cunha, e o diretor de Políticas Publicas de Juventude da entidade, Everton Sodré.
Entenda o protesto
Estudar na universidade Gama Filho (UGF) e na UniverCidade, duas grandes instituições de ensino do Rio de Janeiro, ficou em média 25% mais caro neste início de ano. Quem cursa os últimos períodos na Gama Filho, por exemplo, chegou a pagar quase 40% a mais do valor de 2011; quem está nos primeiros anos, 20%. O custo do curso de medicina, para se ter uma ideia, saltou de R$2.749,00 para R$3.450,00.
O reajuste soou como uma bomba no bolso de cada um dos alunos e, com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) e do Sindicato dos Professores (SINPRO-RIO), os jovens se uniram logo após a virada do ano para protestar contra o aumento abusivo das mensalidades.
Além dos reajustes, a mudança da data de vencimento do boleto também provocou indignação. Segundo os estudantes, o prazo sempre foi entre o 5º e o 15º dia útil do mês. Este ano, as instituições anteciparam o pagamento para o primeiro dia.
“O processo de mercantilização do ensino, em que instituições de educação são tratadas exclusivamente como geradoras de lucro, vem sendo cada vez mais comum no ensino superior privado. Queremos clareza na justificativa deste aumento abusivo, pois ainda não foi nos passado sequer uma planilha de custo, o que é de nosso direito termos em mãos. Todos os alunos veteranos, por exemplo, receberam um e-mail informando que haveria reajustes somente para alunos novos. Isso, na prática, não aconteceu”, informou o diretor de Movimentos Sociais da UEE-RJ, Edson Santana.
Patricia Blumberg
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