Em relação à matéria publicada no caderno Folhateen (16 de maio de 2011), a União Nacional dos Estudantes esclarece que:
1. Não causa espanto à UNE o fato de, mais uma vez, um veículo da chamada grande imprensa tratar de forma estigmatizada e leviana os movimentos sociais, tentando transmitir aos seus leitores um estereótipo falso que não condiz com o bom jornalismo. É lamentável que, em um veículo tão lido como a Folha, o texto do repórter Diogo Bercito não seja sério. Ao que parece, trata-se de mais uma das “pegadinhas da Folha”, utilizando frases de efeito aqui e um título maldoso acolá para produzir o engano dos leitores. A Folha faz inveja a Sérgio Malandro.
2. Se o caderno para o qual o repórter trabalha se importasse e tivesse realmente interesse em fazer uma cobertura jornalisticamente aceitável sobre os rumos do movimento estudantil brasileiro, estaria acompanhando pelo menos um dos diversos encontros das entidades citadas. A Folha foi convidada e não cobriu, por exemplo, a 7a Bienal da UNE, no último mês de janeiro, o maior festival estudantil do país e da América Latina, que reuniu mais de 10 mil estudantes de todos os estados do Brasil e também do exterior no Rio de Janeiro. A Folha foi convidada e não cobriu o 13o Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE, também no mês de janeiro e na capital fluminense, que reuniu mais de 4 mil estudantes de Diretórios Acadêmicos de todo país para debater os rumos do movimento estudantil. Para se ter uma idéia do tamanho do interesse do veículo com os estudantes, a Folha foi convidada e não cobriu sequer o 59º Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE, que ocorreu em abril na mesma cidade do Folhateen, São Paulo, quando mais de 600 lideranças do movimento estudantil nacional estiveram reunidas. A Folha não está cobrindo o processo eleitoral do Congresso da UNE, que atualmente tem a participação de cerca de 90% das instituições de ensino superior do país. A Folha não está em posição confortável para lançar interpretações jornalisticamente seguras sobre o movimento estudantil brasileiro. Ao invés da falta de participação dos estudantes, como sugere a matéria, notamos na verdade o descaso – para não dizer boicote – da chamada grande imprensa com as pautas positivas do movimento social brasileiro.
3. Sobre a insinuação da reportagem de que os partidos políticos interferem, de forma negativa, na autonomia da UNE, basta relembrar que, há poucas décadas, o movimento estudantil foi talvez a principal resistência ao regime ditatorial que cassou, torturou e assassinou aqueles que ousaram fazer valer a sua opinião e não puderam se organizar politicamente A UNE lutou contra o sistema que impediu os partidos políticos de existir. Portanto, a UNE recebe sim, com muito orgulho, jovens filiados a qualquer partido do Brasil ou que sustentem qualquer ideologia. Essa é e sempre foi uma característica do movimento estudantil: conviver de forma saudável com a diversidade, dialogar para construir proposta que sejam plurais e atendam aos interesses da juventude e do país. Para se ter uma idéia, participam da UNE atualmente jovens filiados ao PT e ao PSDB, jovens filiados ao PC do B e ao DEM, jovens filiados ao PMDB e ao PPS. Todos são muito bem vindos e gozam exatamente dos mesmos direitos na entidade, assim como os milhares que participam da UNE e não são filiados a nenhuma agremiação. Durante a entrevista com o presidente da UNE, foi também ressaltada ao repórter, mais de uma vez, a formação pluripartidária da diretoria da entidade, congregando todas as forças políticas, sejam de esquerda, direita ou centro. A reportagem da Folha não julgou ser essa uma informação importante para ser repassada a seus leitores.
4. O que mais impressiona em todo o texto, no entanto, é a afirmação do repórter Diogo Bercito de que a UNE recebe, anualmente, dinheiro do governo federal. O dado é incorreto. A afirmação é leviana. Vale explicar corretamente, uma vez que a reportagem não o fez. A UNE realiza convênios com órgãos públicos e empresas privadas, não somente ligados ao governo federal. Isso possibilita à entidade patrocínios para produzir atividades como congressos, bienais de cultura, seminários e fóruns diversificados como encontro de mulheres; de prounistas; de negros, negras e cotistas entre diversas outras ações para ampliar o debate sobre temas dentro do movimento estudantil. São encontros voltados para todo e qualquer estudante, militante da UNE ou não. Na entrevista com o presidente da UNE essa explicação, inclusive, foi dada mais de uma vez para deixar bem claro que não existe recebimento de verba do governo federal.
5. Por fim, causou estranhamento ler duas páginas do jornal trazendo um artigo de opinião sobre a UNE assinado por Ricardo Melo, que se intitula militante do DCE da USP e da UEE-SP nas décadas de 70 e 80. O seu texto erra no tom ao não conseguir ter visão realmente analítica de épocas distintas. Algumas dúvidas ficam: Quem é Ricardo Melo? Por que ele teve tanto destaque? Por que não convidaram alguma liderança atual para escrever um artigo de contraponto, já que Ricardo Melo faz um comparativo de épocas? Fica um desafio saudável ao jornal Folha de S. Paulo, em nome do bom jornalismo e de interpretações adequadas da realidade para os cidadãos: Como fazemos todos os anos, estamos convidando mais uma vez a reportagem da Folhateen para cobrir o Congresso da UNE, de 13 a 17 de julho, em Goiânia. Quaisquer críticas desse veículo são muito bem vindas ao movimento estudantil, desde que tenham credibilidade para tal.
Assessoria de imprensa da UNE
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