Rodolfo Monteiro de Paiva nasceu na capital da antiga província de Pernambuco em 17 de julho de 1848, filho do português Joaquim de Paiva e de Córdula Monteiro de Paiva, mais conhecida como Cordulina, de nacionalidade brasileira.
O pai de Rodolfo veio a falecer em 1862 quando o rapaz tinha apenas quatorze anos, deixando a família com poucos recursos. O adolescente Rodolfo, então, teve que enfrentar o restrito mercado de trabalho da época. Graças a um amigo do pai, Rodolfo conseguiu uma vaga no comércio do Recife, como praticante de auxiliar de guarda-livros.
No ano de 1880, Rodolfo aceita um convite do português João José Ferreira, este mesmo que anos depois construíria com recursos próprios o Mercado Municipal da vila de São Bento, com direito a explorar o próprio por vinte anos conforme condições contratuais, ocasião em que o Mercado passaria a pertencer à Municipalidade. O convite de João José Ferreira fora para gerir a casa comercial de sua propriedade, mediante ordenado fixo e percentagem nos lucros apurados no fim de cada exercício contábil.
Para atender o convite, Rodolfo de Paiva teve que empreender cansativa e demorada viagem até a vila de São Bento, percorrendo caminhos precários e perigosos e pernoitando embaixo de árvores quando não era possível pedir "rancho" nas rústicas casinhas que encontrava à tardinha. Nesta ocasião, Rodolfo tirava a cela e os arreios do animal e lhe fornecia água e milho. Foram três dias de viagem para finalmente Rodolfo avistar a torre da Igreja do Bom Jesus. Para um moço recifense como ele, acostumado a certo conforto só existente nas capitais, sua chegada a São Bento foi um alívio e ele precisou de alguns dias para se recuperar física e mentalmente dessa jornada.
Dois anos depois, já bem adaptado à vida interiorana e sendo um jovem atraente e promissor, Rodolfo se apaixonou pela jovem são-bentense, Joana de Oliveira Valença, filha de João Rodrigues Valença e de Vitória de Oliveira Valença que residiam na fazenda Condado, município de São Bento.
Dessa união, entre Rodolfo e Joana, nasceram, na então vila de São Bento, Adalberto (1885), Virgílio (Nô), José, Vitória e Leonor nessa ordem.
Mercê de seu trabalho e interesse pelo desenvolvimento dos negócios, Rodolfo passou a sócio da firma de João José Ferreira, e nesse mesmo tempo foi admitido como caixeiro o jovem Jerônimo Tertuliano de Morais.
Em 1896, o português João José Ferreira retirou-se em caráter definitivo para a sua pátria, levando consigo o capital de cem contos de réis, uma verdadeira fortuna para aquele já bem longínquo tempo. Rodolfo Monteiro de Paiva assumiu, perante João José Ferreira, o compromisso de pagar-lhe, em prestações, a quantia correspondente à sua parte de sócio o que foi fielmente cumprido. Após a retirada de João José Ferreira, Rodolfo de Paiva se viu compelido a admitir o empregado Jerônimo Tertuliano de Morais como sócio para aliviar os encargos financeiros com as remessas de libras esterlinas para Portugal.
Em 1899, a esposa de Rodolfo adoeceu gravemente e como não havia socorro médico na vila de São Bento, ele se viu compelido a se retirar para o Recife levando dona Joana Valença, os filhos e mais duas sobrinhas: Julieta e Isolina, passando a residir no Espinheiro em casa alugada e depois em Afogados.
Em razão da necessidade de permanecer na capital pernambucana, para tratamento da esposa, Rodolfo vendeu sua parte ao sócio Jerônimo Tertuliano de Morais, tendo este assinado letras de câmbio para pagamentos parcelados.
Malgrado os seus esforços para salvar a esposa, em 1901 ocorreu o falecimento de dona Joana no Recife, onde Adalberto, Virgílio e José Paiva eram alunos externos do Colégio Aires da Gama.
Desolado com a morte da esposa, Rodolfo Monteiro de Paiva se transferiu com os filhos e sobrinhas para Maceió, atendendo convite de suas irmãs ali residentes, permanecendo em Alagoas de 1902 a 1904, regressando depois a São Bento, já elevada à categoria de cidade, para atender um chamado de Jerônimo Tertuliano de Morais que lhe deu sociedade na mesma casa, em vista de não ter podido efetuar o pagamento das letras restantes a que se obrigara por força do distrato.
Em 1905, já com a patente de coronel da Guarda Nacional, Rodolfo Paiva tornou a abrir nova sociedade com Jerônimo de Morais, fundando a fábrica das "Bolachinhas Sertaneja". Com a morte de Jerônimo em 02 de novembro de 1907 e a insolvabilidade das dívidas junto ao comércio do Recife, os credores do extinto Jerônimo convidaram Rodolfo Paiva a assumir a direção do estabelecimento que ele aceitou, fundando então a firma "Rodolpho Paiva & Filhos", tendo como sócios seus filhos Adalberto e Virgílio. Os negócios da nova firma não correram melhor em vista da necessidade de liquidação de grande quantidade de tecidos, considerados alcaide (mercadoria que não se vende) o que foi feito sem, contudo, oferecer prejuízo ao comércio vendedor de fazendas do Recife.
Como no dizer de seu filho Adalberto, seu pai Rodolfo Monteiro de Paiva “conservou-se honradamente viúvo até sua morte ocorrida em 25 de março de 1932”.
O coronel Rodolfo Paiva sempre foi um homem de vida pacata e simples, bem como de índole moderada, tendo militado na política ao lado de figuras como Martins Júnior, José Mariano, Sérgio de Magalhães e Manoel Borba, a cujo governo serviu na qualidade de chefe político de São Bento, para atender a reiterados convites feitos por Borba, sabendo dignificar o posto que lhe fora confiado com inteligência, dedicação e operosidade, merecendo por isso a estima dos seus correligionários e o respeito e consideração dos adversários.
Rodolfo Paiva foi prefeito de São Bento, tendo exercido o seu mandato de 15 de novembro de 1916 a 15 de novembro de 1919, ocasião em que passou as rédeas do governo municipal ao seu filho primogênito, Adalberto Paiva, legalmente eleito.
No campo da instrução pública, o prefeito Rodolfo Paiva elevou de quatro para quatorze as escolas municipais, procedeu à radical remodelação do Mercado Público, promoveu sólidos consertos nos dois açudes da cidade (do Missionário e do Doutor), cercando-os de arame farpado, para protegê-los contra a invasão de animais. Construiu um açude em Cachoeirinha. Conseguiu do Conselho Municipal a doação de dois prédios ao governo federal para a instalação do Telégrafo Nacional na cidade de São Bento e na vila de Cachoeirinha. Também reformou e ampliou o cemitério de Cachoeirinha. A construção do antigo Mercado Público deveu-se a iniciativa de Rodolfo Paiva que viajou, em 1882, ao Recife a fim de pedir a interferência de amigos junto à Assembleia Legislativa Provincial, que, por fim, concedeu à Câmara Municipal autorização para a construção do Mercado Municipal, cujas obras foram financiadas pelo português João José Ferreira e ressarcidas com o produto das arrecadações das taxas de ocupação pelos feirantes, pelo espaço de vinte anos quando, por fim, foi incorporado ao patrimônio municipal e em 1940 demolido pelo prefeito Manoel Cândido Carneiro da Silva.
Em sua homenagem, na década de 50 do século 20, foi construído e inaugurado, pelo governo de Pernambuco, o Grupo Escolar Rural Rodolfo Monteiro de Paiva, hoje denominado Escola Estadual.
Fundador da “Padaria Sertaneja”, Rodolfo registrou a marca das “Bolachinhas Sertaneja”, conforme nota publicada no Diário de Pernambuco e depois no Diário Oficial da União de 13 de junho de 1907, página 4608.
Rodolfo Monteiro de Paiva foi um varão que primou pela fidalguia de maneiras e teve na justiça, no direito e no bom senso, como acentuou seu filho Adalberto Paiva, o apanágio de suas ações.
Viveu em São Bento por quase cinquenta anos, sendo, assim, merecedor de nossas singelas homenagens. — com Rodolfo Monteiro de Paiva em São Bento Do Una, Pernambuco, Brazil.
Postado por Orlando Calado em seu Facebook