O
manuscrito medieval ''Le Chanson du Chevalier du Cygne et du Godefroid du
Bouillon'', conta a história do Conde do século XI, Eustace e sua esposa Ydain
que deu-lhe três filhos. Ela era considerada diferente por insistir em
amamentar ela mesma seus próprios filhos: ''Condessa Yde nunca teria que…
sofrer por um de seus filhos…eles deveriam ser amamentados por uma dama de
companhia''. Certo dia, quando ela estava na missa e seu filho foi amamentado
por outra mulher, Yde sofreu uma extrema reação física: ”Seu coração acelerou e
ela caiu em um assento com dores, ofegando e tremendo''. Ela teve então um
acesso de raiva e seu rosto ficou: ”Negro como um carvão de tanta ira”, e então
passou a chamar-se de: ”pobre leprosa”. Esta ”santa e devota” Condessa, sacudiu
seu filho até que ele vomitasse o leite que lhe foi dado.
Hoje
em dia, tal atitude seria considerada abusiva, mas naquele período, seu
comportamento foi o que levou a sua canonização! No entanto, nem todas as
mulheres medievais e Tudor responderam desta mesma forma. A amamentação no
período Medieval e Tudor era geralmente considerada um inconveniente. Enquanto
a principal função das mulheres de classe alta ou nobreza fosse produzir filhos
saudáveis, de preferência varões, por outro lado, acreditavam que não lhes
cabiam a responsabilidade de alimentá-los. Este trabalho seria destinado a
mulheres de classes mais baixas.
A
rotina de amamentação em tese, incapacitaria e deixaria uma senhora ocupada, e
para evitar isso, uma mulher seria nomeada para amamentar o bebê. Estas
mulheres haviam tido recentemente seu próprio filho, e ele deveria ser do mesmo
sexo do lactante. Apenas os mais ricos poderiam contratar os serviços de uma
Ama para sua própria unidade familiar. De fato, durante o primeiro ano de sua
vida, a maioria dos bebês de classe alta foram enviados para as casas de
estranhos, cuja adequação foi julgada quase inteiramente em sua aparência
física.
A
Ama de leite foi considerada capaz de transmitir suas características a uma
criança através de seu leite, sua dieta então teria de ser saudável, sem muito
alho ou alimentos fortes, ela também deveria ser de temperamento bom, natureza
plácida e aparência saudável.
A
conduta do passado em relação a amamentação materna, tem sido hoje creditada
como um dos fatores que contribuíram para o distanciamento nas relações entre
pais e filhos no passado. Este tem sido um desafio para os historiadores,
reconhecendo que é anacrônico aplicar nossos padrões pedagógicos para as
culturas de outros séculos. Na verdade, os pais medievais e Tudor teriam
considerado uma excelente oferta para seus bebês arranjar uma Ama de leite
adequada. Atitudes modernas em relação a amamentação podem ter mudado, mas,
ironicamente, eles colocaram a mãe que amamenta no século XX mais perto da
experiência das mulheres pobres do passado.
Fonte: EQUIPE
História Agora - Camila Maréga
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