sábado, 16 de novembro de 2019

QUINTETO DA SAUDADE SENTIMENTAL DEMAIS 1987


PREPARAÇÃO PARA O DIA DE FINADOS EM SÃO BENTO DO UNA


O PARTO DO LENITA FONTES CINTRA

Por Leone Valença

Não é só com discurso que se realiza um sonho. O orador deixa extasiada a multidão contando detalhes desse sonho. Desenha na cabeça dos ouvintes, os planos da obra idealizada. A multidão aplaude hipnotizada face ás minúcias do projeto. Todo mundo quer participar da iniciativa em benefício da coletividade. Tudo muito bonito. Mas, é só.

Quando o idealizador parte para a concretização do projeto, o comportamento da coletividade é outro. E é, justamente por isso, que grandes projetos, na maioria das vezes, não vingam. Todo projeto, pequeno ou grande, tem uma história de luta, de sacrifício. Não deveria ser assim. Mas infelizmente, é. 

Com a criação do Colégio Lenita Fontes Cintra não foi diferente.

Zé Mota, o seu idealizador e fundador, comeu - com rima e tudo - o pão que o diabo amassou para ver o seu sonho concretizado.

Ainda que possa parecer fantasioso, o sonho do Lenita começou a concretizar-se  num domingo de carnaval, na casa de Adauto Paiva, nos idos de 1950. Em meio a marchinhas, sons de vozes e violões; enquanto Zé Mota tomava o seu copinho - copinho é força de expressão - de bate-bate de maracujá, veio à tona um assunto sério. Mexeu-se na ferida maior dos são-bentenses na época: a ausência de um colégio na nossa terra. Dona Feliciana Paiva, esposa de Adauto Paiva, imediatamente passou a bola para o prefeito-folião que, entre animado e desafiado, garantiu alto e bom som, que São Bento do Una não ficaria sem o seu tão sonhado colégio. E não deu outra; pelo clarim do não menos folião o vereador Alfredinho Cintra, também entusiasta da ideia, foi apresentando à Câmara o projeto de criação do primeiro colégio oficial de São Bento do Una. Daí pra frente enormes dificuldades surgiriam, todas felizmente superadas. Deus e Zé Mota sabem disso.

A luta pela obtenção de meios foi árdua. Até um circo, daqueles sem cobertura, tipo penico sem tampa, foi utilizado na angariação de dinheiro. A pedido do Prefeito José do Patrocínio Mota, o proprietário do circo concordou em dividir as rendes das noitadas em benefício do colégio. E o circo ganhou, assim, um novo bilheteiro: Zé Mota, que saiu de casa em casa vendendo ingressos. E, pasmem, houve quem recusasse colaborar...

Quando o problema financeiro foi satisfatoriamente resolvido, a Prefeitura viu-se diante de outro obstáculo: a iminente vistoria do Ministério da Educação. Nessa análise inicial, o Lenita foi reprovado pela ausência de um laboratório de ciências, o que foi imediatamente resolvido, através do Monsenhor Adelmar da Mota Valença, na época diretor do Diocesano de Garanhuns, que cedeu, por empréstimo, quase todo o acervo laboratorial daquele tradicional educandário. 

Conta Zé Mota:

- Viajei de Garanhuns a São Bento, trazendo num carro tudo quanto eram frascos de cobras, lagartos e caranguejeiras...
O último item da inspeção aprovado pelo MEC, referia-se ao número de alunos exigidos. Temendo não satisfazer tal exigência, apresentar-se-ia diante da recém criada direção do Lenita, o primeiro aluno ao primeiríssimo exame de admissão ao ginásio. Quem?

Zé Mota!

Portanto, saibam todos os são-bentenses, de todas as idades, de todas as latitudes: o consagrado Colégio Estadual Lenita Fontes Cintra, nasceu do sonho de um homem obstinado, teimoso, maravilhosamente teimoso. Nasceu porque Zé Mota assim o quis. E fim de papo!



sexta-feira, 15 de novembro de 2019

HELENA GUIMARÃES OU HELENA DO GALO

DONA HELENA GUIMARÃES.
 Nossa folclórica HELENA DO GALO, que deixou muitas histórias para serem contadas na sua querida SÃO BENTO DO UNA.
Foi mulher muito bonita na juventude, democratizou seu corpo, porque o que é belo deve ser usufruído sem egoismo.( pense numa Cláudia Raia, segundo Jurandir Teixeira)
Morou na Bahia, tinha uma boate, voltava a São Bento num carrão, com motorista.

Gastava muito dinheiro ajudando as pessoas, o que lhe dava prazer.
Ela contava uma história, comprovada por vários depoimentos de velhos sambentenses, que , numa destas vindas para a festa do BOM JESUS, o juiz da cidade, metido a galo, ficou louco de tesão quando viu a bela HELENA, no seu sapato alto de grife, com ouro nos braços em forma de serpente, com olhos de rubi, gostosa, gostosa, irresistível.
O doutor, hoje desembargador aposentado (digo o nome , não), intimou-a, em plena festa, através do oficial de justiça, a comparecer na sua casa.
Helena disse que fez ele rastejar e lamber seu rastro.
Entrou na política, candidata a vereadora. De boa fé, caridosa, dava dinheiro a eleitores picaretas e acreditava que votariam nela. Cada eleição uma nova decepção.
Na eleição de 1992, fizeram uma reunião da frente de libertação municipal, que reunia todo mundo, para analizar o mal(?) desempenho do coordenador.
O candidato PAULO BODINHO tinha me trazido de Recife para coordenar a campanha.
Houve uma articulação de insatisfeitos para me tirar do cargo.
Todo mundo falou e era só pau nas minhas costas. Terminada a reunião, HELENA gritou:
_ Espera aí! Ainda falta eu dar minha opinião .
_ Vai , fala...
_ QUANDO ME DISSERAM QUE ESSE SUJEITO TRABALHAVA NAS CAMPANHAS DE JARBAS VASCONCELOS, EU PENSEI:
BOA COISA ELE NÃO É, SENÃO NUM TINHA VINDO PARAR AQUI, ONDE O DIABO PERDEU AS BOTAS.
Foi a pá de cal.
Helena tinha o poder de se encantar numa pedra... Mas aí é outra história, depois eu conto.
Vai com Deus, Helena.

TEXTO DE RONALDO LEANDRO NO FACEBOOK

Joaquim Antônio de Melo, dito Joaquim Gordo


Joaquim Antônio de Melo, dito Joaquim Gordo (primitivamente Joaquim de Maria Gorda. Joaquim tinha um irmão conhecido como João Gordo).
Ele nasceu no sítio Fazenda Nova, município de São Bento do Una. Na juventude, tornou-se um grande contador de histórias que encantavam as plateias nas noites de luar. Como funcionário público municipal, exerceu funções de inspetor escolar, atuando principalmente nas escolas rurais e preparando futuras mestras na arte de desasnar que consistia em leitura, redação de um bilhete, assinar o nome e fazer as quatro operações aritméticas fundamentais. Segundo o escritor são-bentense do Una, Sebastião Soares Cintra (1922-2004), Joaquim Gordo, mesmo aos 85 anos de idade, possuía grande vivacidade mental e contava histórias que sua fértil imaginação criava, principalmente sobre os fatos mais importantes que se verificaram em diferentes épocas, envolvendo personalidades da vida social, política e econômica são-bentense do Una. Ainda de acordo com Cintra, o seu passado de autodidata obstinado, de leitor da História, fez-lhe granjear foros de autoridade em assuntos culturais. O juiz de direito, Alfredo Pessoa de Lima, devotava grande admiração por Joaquim Gordo a ponto de citá-lo num soneto em homenagem à nossa cidade:
São Bento
Praça em quadrado, alta branca e bela,
Igreja ao fundo; casas pequeninas,
Como bando de aves peregrinas,
Reunidas no aconchego da capela.
..
Feira e mercado. A gente tagarela
Falando sempre em coisas pequeninas:
Marcas de gado, balas assassinas,
Que abateram alguém lá na cancela.
...
Acocorado, Joaquim Gordo fala,
Em derredor, a tropa toda cala,
Escutando mentiras engraçadas.
...
São Bento amiga, de feições singelas,
Tuas casinhas, eu tenho sempre nelas
Visões de altas torres encantadas.

Foto e texto de Orlando Calado

domingo, 21 de julho de 2019

DR. CLÓVIS DE AZEVEDO PAIVA.


Por Orlando Calado

O ano era 1917. O lugar, São Bento do Una, no Agreste de Pernambuco. O nascimento era de Clóvis de Azevedo Paiva, filho de Virgílio de Oliveira Paiva e Mariá de Azevedo Paiva. Na época, o menino interiorano ainda não sabia que se tornaria um dos maiores nomes da oftalmologia no Brasil.
Quando chegou ao Recife, Clóvis Paiva trabalhou como cantor e locutor da rádio Clube de Pernambuco para custear os estudos na Faculdade de Medicina do Recife, que na época era paga. Fez tanto sucesso que era conhecido como “o cantor romântico”. Ele se apresentava nos programas Hora azul das senhorinhas e Quarto de hora com Clóvis Paiva, além de ser um dos mais requisitados locutores da rádio. Tanto é que foi ele quem abriu a programação de gala no dia da inauguração das novas instalações da emissora. Mas o pensamento era único: ser médico.
Como médico, Clóvis Paiva foi responsável por dois feitos que ganharam relevância e notoriedade no país. Com apenas 29 anos, foi o segundo oftalmologista a realizar um transplante de córnea no Brasil, sendo o primeiro nas regiões Norte e Nordeste, no Hospital Pedro II, no Recife, em 1947; e, cinco anos depois, realizou a primeira cirurgia de catarata com implante de lente intraocular da América Latina, em 1952. A notícia se espalhou pelos quatro cantos do Brasil e contribuiu ainda mais para consolidar definitivamente a carreira do professor Clóvis Paiva, como passou a ser chamado por todos.
Aos 32 anos, tornou-se o primeiro professor catedrático de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, onde, nos anos de 1965 a 1968, foi diretor. Entre 1979 e 1981, o professor Clóvis Paiva foi presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO, órgão máximo da oftalmologia brasileira. Ao longo da carreira, consolidou seu legado recebendo inúmeros prêmios, medalhas, títulos, diplomas de honra e placas de homenagens.
No livro Clóvis Paiva, um médico sem fronteiras, do jornalista Carlos Cavalcante, publicado em 2004 no Recife, há depoimentos de várias personalidades da área médica, de jornalistas, familiares e amigos. O livro guarda relatos emocionados do médico espanhol Joaquín Barraquer, considerado o maior oftalmologista da atualidade; do médico americano Louis J. Girard, professor do Baylor College of Medicine Houston, no Texas, um dos maiores oftalmologistas dos Estados Unidos; e do professor Rubens Belfort Júnior, oftalmologista mais conceituado no Brasil e no exterior.
Clóvis Paiva, que morreu em 2000, aos 82 anos, dedicou a vida inteira ao exercício da medicina e deixou para a oftalmologia brasileira uma rica história de sucesso.

terça-feira, 16 de julho de 2019

História de São Bento do Una



São Bento do Una é um município brasileiro do estado de Pernambuco. Administrativamente é composto pelos distritos sede e Espírito Santo, e pelos povoados de Jurubeba, Pimenta, Queimada Grande, Maniçoba e Gama.

São Bento do Una nasceu espontaneamente, por volta de 1825, originada do que foi uma fazenda chamada Santa Cruz, pertencente a Antônio Alves Soares, fugitivo da grande seca que chegou à região em 1777. Em pouco tempo, com a chegada de mais colonos, toda a região dos vales do Rio Una, Ipojuca e Riachão tornou-se habitada e próspera.


Preocupados com o incomum aparecimento de cobras venenosas naquelas inóspitas paragens, os novos habitantes, demonstrando profundo sentimento religioso, invocaram em preces fervorosas a proteção de São Bento, santo reconhecido como protetor das vítimas dos ofídios. E foram tantos os apelos, e tanto se falou em São Bento, que culminou com a mudança de nome do lugar para "Povoado de São Bento".

Com a chegada de mais pessoas, inclusive o Padre Francisco José Correia, fez-se erigir um imenso cruzeiro, transformado anos depois, na Capela onde surgiria a Igreja Matriz.

A emancipação política ocorrida em 30 de abril de 1860 transformou o próspero Povoado em Vila, desmembrando-se de Garanhuns.

Tendo em vista o desenvolvimento da vila, São Bento foi elevado a categoria de cidade através da Lei Estadual 440, de 8 de junho de 1900.

Pelo anexo do decreto-lei estadual n. 952, de 31 de dezembro de 1943, quase meio século depois, para evitar que seu nome fosse confundido com outras localidades que possuíam o mesmo nome, foi-lhe acrescentado o "do Una", inspirado no nome do rio homônimo que corta a cidade. Segundo o escritor são-bentense Gilvan Lemos, a ideia de acrescentar a expressão "do Una" ao topônimo São Bento foi do general João Augusto de Siqueira, também filho da cidade.

sábado, 8 de junho de 2019

SÃO BENTO DO UNA SE DESPEDE DE JOÃO CAMPOS

SÃO BENTO DO UNA ESTÁ DE LUTO!
Hoje acordamos com a triste notícia do falecimento de João Campos, um homem sensacional, um amigo fiel e batalhador, que sempre que tinha a oportunidade de reencontrar recebia bons conselhos e enchia o coração de mensagens positivas, pois João, era um daqueles amigos que sempre tinha uma palavra de incentivo.
Você está agora junto ao pai meu amigo, por tudo que você fez de bom, hoje só nos resta a saudade, de um grande homem.
Descanse em paz.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

HISTÓRIA DO AÇUDE VELHO DE SÃO BENTO DO UNA - PE




Compulsando velhos documentos da Assembleia Legislativa Provincial, vi que o nome do reservatório d´água é "Açude da Nação" e data de 1852/1853. Foi construído porque o açude particular dos Valença já se tornara pequeno e a população do lugar de São Bento crescera muito com a chegada dos fugitivos da "Guerra dos Cabanos" (1832-1835).

 No entanto, quando foi inaugurado o Açude do Missionário, em 1877, o povo passou a chamar o Açude da Nação de Açude Velho. Em 1874, Olavo Correia Crespo doou à Municipalidade um terreno banhado pelo riacho Bela Vista para a construção de um açude que logo em seguida foi realizado por Álvaro Estêves Braga, vencedor da licitação por 600$000 (seiscentos mil réis). Daí, então, o povo passou a chamar de Açude do Doutor Olavo, ou simplesmente "Açude do Doutor". Este hoje não mais existe pois que em seu derredor foram construídas casas. 

Então, tínhamos três açudes: um da Nação, um provincial e um municipal. Na atualidade, sobrevivem Açude Velho e o das Capoeiras, mas isso é outra história.

fonte: Orlando Calado

quinta-feira, 6 de junho de 2019

JOÃO JOSÉ ZEFERINO "JOÃO COQUINHO"


JOÃO JOSÉ ZEFERINO

Mais conhecido como JOÃO COQUINHO, foi um renomado marchante são-bentense e preparador de famosa carne-de-sol (carne seca) que era exportada, nas décadas de 20 e de 30, para diversas localidades da região em razão da alta qualidade do produto. João Coquinho conhecia todos os recantos e sítios do município onde ia comprar novilhos para abate e por esta razão muitas vezes foi nomeado oficial de justiça "ad hoc" pelo juiz de direito da Comarca de São Bento. Constituiu uma sólida família de são-bentenses dedicados ao trabalho e às artes, com destaque para a filha Antonieta (Tunu) e a neta Gildete no campo das tradições culturais de nossas raízes, e para os músicos Olavinho e Luiz Coquinho, integrantes da Banda Musical de Santa Cecília e do famoso "Jazz Batuta São Bento" e o violonista Pedro Jacaré citado por Leone Valença na sua marcha-hino "Recordando São Bento". Na gestão do prefeito José Alfredo Cintra (Alfredinho), toda sua família foi convidada para a inauguração da placa do Matadouro Municipal que recebeu o seu honrado nome.
Nossa homenagem e nosso reconhecimento aos homens e mulheres que lançaram as bases para nossa São Bento do Una de hoje.

Por Orlando Calado