sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Joaquim Antônio de Melo, dito Joaquim Gordo


Joaquim Antônio de Melo, dito Joaquim Gordo (primitivamente Joaquim de Maria Gorda. Joaquim tinha um irmão conhecido como João Gordo).
Ele nasceu no sítio Fazenda Nova, município de São Bento do Una. Na juventude, tornou-se um grande contador de histórias que encantavam as plateias nas noites de luar. Como funcionário público municipal, exerceu funções de inspetor escolar, atuando principalmente nas escolas rurais e preparando futuras mestras na arte de desasnar que consistia em leitura, redação de um bilhete, assinar o nome e fazer as quatro operações aritméticas fundamentais. Segundo o escritor são-bentense do Una, Sebastião Soares Cintra (1922-2004), Joaquim Gordo, mesmo aos 85 anos de idade, possuía grande vivacidade mental e contava histórias que sua fértil imaginação criava, principalmente sobre os fatos mais importantes que se verificaram em diferentes épocas, envolvendo personalidades da vida social, política e econômica são-bentense do Una. Ainda de acordo com Cintra, o seu passado de autodidata obstinado, de leitor da História, fez-lhe granjear foros de autoridade em assuntos culturais. O juiz de direito, Alfredo Pessoa de Lima, devotava grande admiração por Joaquim Gordo a ponto de citá-lo num soneto em homenagem à nossa cidade:
São Bento
Praça em quadrado, alta branca e bela,
Igreja ao fundo; casas pequeninas,
Como bando de aves peregrinas,
Reunidas no aconchego da capela.
..
Feira e mercado. A gente tagarela
Falando sempre em coisas pequeninas:
Marcas de gado, balas assassinas,
Que abateram alguém lá na cancela.
...
Acocorado, Joaquim Gordo fala,
Em derredor, a tropa toda cala,
Escutando mentiras engraçadas.
...
São Bento amiga, de feições singelas,
Tuas casinhas, eu tenho sempre nelas
Visões de altas torres encantadas.

Foto e texto de Orlando Calado

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