O estudo promovido pelo Centro de Estudos Latino-Americanos e Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais mostra também que somente neste ano houve 75.553 mortes de jovens no país, sendo 22.694 por armas de fogo. A maioria das mortes segundo a pesquisa foram causadas por “brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões, violências domésticas, desentendimento no trânsito”. O que mostra a necessidade de ampla discussão pra se combater a “cultura da violência” que impera no Brasil.
Basta ler as páginas dos jornalões, revistas e noticiários da tevê e rádios da mídia comercial que se “torcer sai sangue”. Hoje Quase todos os telejornais priorizam os crimes mais violentos todos os dias sem o menor pudor. E propagam a teoria da vingança e da punição. Principalmente se o criminoso tiver menos de 18 anos, batem insistentemente na tecla de se reduzir a maioridade penal para coibir esse tipo de violência, entretanto, no plebiscito sobre a proibição da comercialização de armas de fogo os barões da mídia atuaram com veemência em favor da indústria dos armamentos.
Outro estudo A Cor dos Homicídios no Brasil mostra que são mortos duas vezes e meia mais jovens negros. Foram assassinados 72 jovens negros por 100 mil habitantes de 2002 a 2010 e no mesmo período 28,3 brancos dessa faixa etária foram assassinados no país. Na comparação com os números de 2002, a taxa de homicídios de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes) enquanto entre os jovens negros o índice subiu (era de 69,9 por 100 mil habitantes).
Para o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), ex-delegado da Polícia Federal, “ a população da periferia, favelas ou comunidades se organizam, explorando alguns seguimentos da atividade criminosa, cuja principal é a exploração da venda e consumo de drogas”, por ser uma “atividade mais lucrativa e de fácil controle”. De acordo com o deputado comunista, isso surge a partir da total ausência do Estado em questões importantes da cidadania. Questões como educação, saúde, trabalho, moradia e alimentação acabam sendo supridas pelo que o deputado chama de “pobreza organizada” que se volta para a “atividade criminosa de sustentação dos problemas sociais existentes”, define.
Ao contrário do que apregoam os setores conservadores e defendem a ação truculenta da repressão, todos os dados demonstram a necessidade de políticas públicas voltadas para os que mais precisam com o intuito de incluí-los na vida social das cidades para um começo de mudança em um país que ainda se ressente do autoritarismo secular predominante em sua história. Por isso, a mesma polícia que circula pelos bairros ricos, deve estar presente nas periferias das cidades. “Uma polícia civil com forte controle social da população, humanitária, comunitária, com conselhos que possam ajudá-la a estar a dispor da sociedade”, defende Juninho, militante do combate ao racismo Círculo Palmarino.
Redação da UJS.
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