O portão da casa de uma criança moradora do município de Cruz, no interior do Ceará, nunca está vazio. Centenas de pessoas buscam, diariamente, um contato com o menino a quem atribuem diversas “curas” feitas apenas com as mãos.
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Legenda: População forma fila em busca de atendimento para "cura" Foto: Reprodução |
Diante da repercussão dos casos, filas de pessoas à espera de "atendimento" têm se formado em frente à residência da criança, que recebe a população de segunda a sábado.
Aperte o play e confira no vídeo abaixo a fila de pessoas aguardando atendimento:👇👇👇
Tudo isso começou aos 2 anos de idade, segundo um familiar, quando a criança passou a apresentar os primeiros "sinais de seu dom". Ele ia para debaixo da mesa de casa e dizia que estava conversando com seus "anjos de cura". Aos 3 anos, o menino disse que iria curar um tio doente, que, após as rezas da criança, acabou ficando bom da doença.
Depois disso, o menino passou a rezar nas pessoas, cerca de 5 por semana. Em março deste ano, começaram os atendimentos maiores. Mas foi em agosto, quando uma mulher disse ter ficado boa da visão por conta da reza do menino, que a história repercutiu e começaram a formar filas de espera por atendimento.
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Legenda: Entrada do município de Cruz, no Ceará Foto: Reprodução/Google |
‘ELE BOTOU A MÃO E ME CUROU’
'O QUE CURA É A FÉ'
A crença de que “o que cura é a fé” foi o que levou o aposentado Raimundo de Araújo, 71, ao encontro da criança. Ao ouvir de um amigo sobre a existência do “meninozim que tá curando gente”, Raimundo reacendeu a esperança de voltar a andar sem precisar da cirurgia que o médico havia garantido necessitar.
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| Legenda: Raimundo afirma ter conseguido andar sem muletas após receber atendimento pela criança | Foto: Maristela Gláucia |
“Fui lá no sábado, ele rezou e disse que voltasse no outro dia. A mãe dele disse que não, que era a folga dele, então voltei segunda. De segunda pra terça, senti um negócio na perna. E agora o osso que doía não dói mais. Fazia 2 anos que eu não andava”, diz.
Agora tô abandonando as muletas, faz uns 2 dias. Fico meio trôpego, porque uma perna tá mais curta que a outra. Mas dá pra andar. Depois que ele rezou, melhorou bastante. Entrei lá com muita fé.
RAIMUNDO DE ARAÚJO
71 anos
O aposentado descreve que esse é o sentimento da maioria das pessoas, de todos os cantos, idades e doenças, que chegam e são ouvidas pela criança que recém completou 7 anos.
A infantilidade do pouco tempo de vida reflete na timidez e no medo por ver, de repente, centenas de pessoas demandando atenção e escuta e toque. É por isso que o menino, como observa Raimundo, impõem uma só condição: “não gosta de rezar sem a mãe encostada do lado”.
Reportagem: Escrito por Redação, ceara@svm.com.br 14:40 - 09 de Setembro de 2022.
Diário do Nordeste