Três coisas distinguem o animal homem dos demais: os polegares opositores, que usa para construir naves espaciais, hospitais e bombas nucleares, entre outros artefatos; a percepção da própria morte e a capacidade de se comunicar através da fala, que alguns políticos inescrupulosos usam para agredir a realidade sem pudor e reinventar a História.
Cedo ou tarde o tempo resgata a verdade, rasga os véus da mistificação ideológica e as crianças voltam a aprender o que realmente ocorreu. A realidade histórica prevalece, os muros e estátuas são derrubados, vão-se os mitos de pés de barro, fica o povo.
No dia 5 de novembro, oito dias após o segundo turno eleitoral, a presidente que, nos debates fez questão de destacar que o Brasil havia saído do Mapa da Fome elaborado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), recebeu impassível a informação divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado à Presidência da República, de que havia aumentado o número de miseráveis em seu governo.
O Ipea adiou o anúncio das estatísticas, alegando querer evitar favorecer este ou aquele candidato. Não é difícil perceber que, na realidade, o instituto queria, sim, privilegiar a candidatura oficial, omitindo o ingresso de mais de 371.000 pessoas no grupo dos que não conseguem ganhar sequer R$ 70 por mês.
Escalada pelo Planalto para falar sobre o assunto, Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social, explicou, segundo matéria publicada no site Exame, que o governo atribui o aumento a uma flutuação estatística, dentro da margem de erro do levantamento.
Não para nós! Para o PSDB-Mulher Nacional, 371.000 pessoas a mais sobrevivendo com menos de R$ 70 mensais jamais serão uma estatística, muito menos mera margem de erro. Sabemos que são idosos, morrendo em corredores de hospitais lotados – se tiverem a sorte de ter o dinheiro da passagem de ônibus para chegar até lá -, são mulheres grávidas, subnutridas, porque o governo federal não as alcança, com serviços sociais que só funcionam nas propagandas eleitorais. Sabemos que são crianças quase nuas, brincando ao lado de esgotos correndo a céu aberto, alguns bem próximos do palácio em que dorme – se é que consegue dormir – a “represidenta”.
Não vamos discutir os critérios que o governo federal usa para definir quem está na linha de pobreza ou na linha de miséria. Basta apenas lembrar que, enquanto para Dilma, pobre é quem sobrevive com R$ 70 mensais, e miserável, quem está abaixo disso, o Banco Mundial utiliza a faixa de US$ 1 dólar/dia por pessoa como linha de indigência – algo em torno de R$ 76,14 mês – e de US$ 2 dólares/dia por pessoa como linha de pobreza – o equivalente a R$ 152,28 mensais, pela cotação de 11 de novembro, segundo dados da Wikipédia Portugal.
Se para os miseráveis, a presidente acha que R$ 70 mensais são suficientes; para sua equipe, o céu é o limite. Segundo notícia publicada na Folha de S.Paulo do dia 11 de novembro, a dois meses do fim de 2014, ano eleitoral, os gastos secretos com cartões corporativos da Presidência da República bateram o recorde do governo Dilma Rousseff. Quem paga essa conta, já sabemos.
Thelma de Oliveira, vice-presidente nacional do PSDB-Mulher
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