Israel afirma estar sob a mira constante dos países da
região, inclusive do Irã, que acusa de produzir armas nucleares. Sob esse
pretexto, ameaça o país persa com um ataque militar, o que não fez ainda por
receio de faltar o apoio internacional necessário. Neste mesmo cenário, o
Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (Sipri, pela
sigla em inglês), nesta segunda-feira (3), informou estimar que Israel possui
80 ogivas nucleares.
“Já chega, Vanunu, não vê que estamos ocupados? – A Birgada
anti-proliferação”. Charge retrata a denúncia de Mordecai Vanunu, ex-técnico
nuclear israelense, sobre a produção de armas nucleares, e a negligência
sistemática dos aliados de Israel.
Dessas ogivas, segundo o Sipri, 50 são para mísseis
balísticos de alcance médio e 30 para bombas transportadas por avião, o que
reflete as ambições agressivas deste país instalado à força no coração do
Oriente Médio.
O instituto sueco também afirma que Israel pode ter
produzido armas nucleares não estratégicas, como projéteis de artilharia e
munições de demolição atômica. As agências e órgãos internacionais dedicados ao
assunto, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ainda não se
dispuseram a averiguar.
O governo israelense, que seria o único a possuir armas
nucelares na região, nunca confirmou nem desmentiu a produção de ogivas
nucleares. Não é a primeira vez, entretanto, que a notícia sobre a afirmativa é
veiculada.
Em 1986, um ex-técnico nuclear israelense, Mordecai Vanunu,
revelou ao diário britânico Sunday Times a informação secreta sobre a planta
nuclear do seu país. Mais tarde, Vanunu foi condenado a 18 anos de prisão por
traição, e suas acusações não foram investigadas pelos responsáveis
internacionais.
Vanunu cumpriu os 18 anos da sentença, inclusive 11 em
confinamento solitário, e quando liberto sofria de várias restrições ao
movimento e ao discurso, o que acabou por levá-lo à prisão diversas vezes, ao
dar entrevistas a jornalistas. Por exemplo, em uma entrevista concedida à
imprensa internacional logo depois de ser libertado, em 2004, ele afirmou ter
sido tratado de forma “bárbara e cruel”, o que atribui também ao fato de ser
cristão, e não judeu.
Apesar da forte pressão internacional, o regime israelense
negou-se a assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que foi
assinado pelo Irã, e não aceita que observadores internacionais inspecionem as
suas instalações, outra ação a que o Irã responde positivamente há mais de 10
anos, recebendo visitas frequentes da AIEA e outros observadores.
Israel alega que essas medidas seriam contrárias aos
interesses de segurança nacional, uma admissão clara da sua política agressiva
e belicosa para a região. A segurança e a estabilidade tanto externas quanto
internas, para o caso de um país que administra um conflito violento e reprime
de forma sistemática todo um povo, o palestino, além da política agressiva com
praticamente todos os seus vizinhos, não são traduzidos para “ações” pelos
órgãos responsáveis.
Armas nucleares e reação internacional
Em outros casos, a atuação agressiva de um país, seja
retórica ou praticamente, serviu para intervenções militares ainda antes de
inspeções de rotina como as efetuadas pela AIEA. Ainda, exemplos ilegítimos e
baseados em pretextos instrumentalizados não faltam, mas basta citar o da
invasão ao Iraque e os discursos inflamados contra o próprio Irã, que parecem
refletir a iminência de uma ingerência agressiva, em alguns períodos.
Sobre as armas nucleares no mundo, o informe publicado nesta
segunda afirma: “no início de 2013, oito Estados (os EUA, a Rússia, o Reino
Unido, a França, a China, a Índia, o Paquistão e Israel) possuíam
aproximadamente 4.400 armas nucleares operacionais. Quase 2.000 delas são
mantidas em um estado de alto alerta operacional. Se todas as ogivas nucleares
forem contadas, esses Estados, conjuntamente, possuem o total de
aproximadamente 17.265 armas nucleares, comparadas com 19.000 no começo de
2012”.
O instituto atribui a ligeira redução no número de armas
nucleares ao Tratado sobre Medidas para o Avanço na Redução e Limitação de
Armas Estratégicas Ofensivas (novo Start, na sigla em inglês), entre a Rússia e
os EUA.
O Sipri, um instituto renomado internacionalmente e fonte
segura para cientistas políticos e outros analistas da política internacional,
aborda questões relativas à segurança e aos conflitos, aos gastos militares, à
indústria armamentista e à não-proliferação nuclear, através de uma base de
dados complexa e abrangente mas de fácil acesso. A página pode ser acessada
aqui, em espanhol e inglês.
Por Moara Crivelente, do Vermelho, com informações da
HispanTV
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