Fábrica de Laticínios Boa Vista, antiga Fábrica de Laticínios Mauriceia, de Souza Valença & Cia.
Marco incontestável do início da industrialização mecânica do leite e seus derivados em São Bento do Una, a "Fábrica de Laticínios Mauriceia", de Orestes Alves Valença e outros, foi inaugurada em 1935 com o maquinário mais moderno que havia na Europa.
Nos seus tempos áureos, fabricava a manteiga "Mauriceia", que juntamente com o queijo de manteiga, era comercializada no Recife. Tempos depois, a fábrica de seu Orestes foi vendida a I. C. Parente Viana (esposa do agrônomo Silvio Parente Viana, funcionário da Fazenda Experimental do IPA) que recebera, para tanto, um empréstimo da Fábrica de Biscoitos Pilar.
Depois de alguns anos, o negócio não ia às mil maravilhas e Parente Viana para terminar de pagar o empréstimo devolveu à fábrica Pilar por conta do saldo devedor de I.C. Parente Viana com a fábrica de biscoito. A Pilar teve que desfazer da fábrica, vendendo-a à estatal Cilpe (Companhia de Industrialização do Leite de Pernambuco) e depois desativada quando a multinacional italiana Parmalat comprou a Cilpe no governo de Joaquim Francisco.
A Parmalat, então, resolveu centralizar em Garanhuns seu processo de industrialização, desativando, assim, a unidade de São Bento do Una.
Até bem pouco tempo a antiga fábrica onde trabalhou Gilvan Lemos, Antônio Porto, Petronilo Valença, Rubem Cintra, Caboclinho, este famoso pelo delicioso doce de leite que preparava, e tantos outros são-bentenses, era só ruínas a testemunhar a outra ruína municipal que foi a transformação do Açude da Nação, popularmente conhecido como Açude Velho, em olarias com suas fumacentas caieiras a poluir o ambiente.
O tempo vivido pelas antigas gerações de são-bentenses do Una não se repetiu nos novos tempos. Era um tempo em que se ia à Fábrica pegar a raspa de queijo tirada do fundo do tacho.
"Tempo bom!
Não volta mais!"
(Lilico, o saudoso batedor de bombo da televisão).
Texto de Orlando Calado
Foto de autor desconhecido.
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