A “gestão” da Universidade Federal de Pernambuco se supera a cada semestre quando o assunto é falta de planejamento, incompetência e irresponsabilidade.
Em vários cursos, e inclusive no curso onde sou coordenador, até agora algumas aulas não começaram, simplesmente porque os departamentos até agora não indicaram professores.
Vou dar um exemplo onde a incompetência da nossa estrutura administrativa, misturada à falta de compromisso com a instituição, faz com que até agora os alunos não tenham uma aula sequer.
Duas turmas indicadas pelo Departamento de Contabilidade, no período noturno, até agora não iniciaram as aulas. A Chefia do Departamento até agora não indicou professores, argumentando que está em processo de contratação.
Esquece que a responsabilidade de suprir as turmas é do departamento, independente disso. Até onde entendo, este deveria resolver o problema com os professores que tem, até aparecer um professor substituto, e aí realocar as turmas.
Mas não…ficam empurrando o problema para a reitoria, que por sua vez aceita isso como verdade, e até agora os alunos simplesmente não viram a sombra do possível professor.
O Coordenador do Curso, neste caso eu, fica sem solução alguma, e na verdade sem ter a quem recorrer, porque a “gestão” simplesmente aceita este argumento sem nem ao menos questionar.
E isso acontece TODOS os semestres. E pelo que conversei com vários coordenadores, em grande parte dos cursos.
Seria engraçado se não fosse trágico, mas acontece o problema no sentido inverso. O curso de Contábeis, por sua vez, também tem turmas em aberto de outros departamentos. Até dia desses eram do meu departamento as turmas em aberto.
Nunca conseguimos começar um semestre com todos os professores. A Reitoria sabe, todo mundo sabe, eu reclamo, faço confusão, e tudo acontece novamente, numa desfaçatez que envergonha qualquer um que tivesse o mínimo de compromisso.
Não estou falando de professores faltosos ou algo do tipo. Não são responsabilidades individuais, mas institucionais. Até agora tem departamento que sequer indicou o professor.
E ninguém se envergonha ou simplesmente se mexe para resolver o problema de centenas de estudantes que até agora não começaram suas aulas em algumas disciplinas. Quando eu passo no corredor, e vejo que algum professor faltou, eu fico com vergonha. Posso estar errado, mas sou assim.
Este semestre a situação foi mais grave porque todos os professores substitutos foram contratados já na segunda metade de agosto, e como a reitoria finge que administra alguma coisa na Universidade, os chefes dos departamentos se sentem no direito de não resolver nada, e os alunos ficam nesta situação lamentável, e os coordenadores na situação vexatória de não conseguirem dar uma solução.
Todo semestre é este desgaste absurdo, chegando ao extremo de ter que trazer este assunto publicamente, para ver se alguém toma alguma providência nesta Universidade.
Amanhã estarei dando entrada em um pedido de Comissão de Inquérito para apurar responsabilidades, e obviamente será engavetado, depois de resolverem o “problema”. Assim como no semestre passado, quando o Coordenador do Curso (no caso eu), tive que avisar que ia dar entrada em um pedido de abandono de emprego de um professor que dizia que não queria dar aula. Essa nem era minha responsabilidade, pois o Chefe do professor não sou eu.
Como tudo por aqui, isto será jogado para debaixo do tapete. E nesta pisada, onde alunos passam 4 semanas sem aula, ainda tem gente que vem discutir qualidade de ensino, mudança de currículo, projeto pedagógico, e não sei o que mais.
Um verdadeiro jogo de faz de conta.
E no semestre que vem, aposto com qualquer um que será a mesma coisa.
Camila Vallejo disse que movimento brasileiro avançou mais do que o chileno.
“Estudante na rua, qual é sua missão?” 10% do PIB para educação”.
