quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A AMAMENTAÇÃO NO PERÍODO TUDOR:

O manuscrito medieval ''Le Chanson du Chevalier du Cygne et du Godefroid du Bouillon'', conta a história do Conde do século XI, Eustace e sua esposa Ydain que deu-lhe três filhos. Ela era considerada diferente por insistir em amamentar ela mesma seus próprios filhos: ''Condessa Yde nunca teria que… sofrer por um de seus filhos…eles deveriam ser amamentados por uma dama de companhia''. Certo dia, quando ela estava na missa e seu filho foi amamentado por outra mulher, Yde sofreu uma extrema reação física: ”Seu coração acelerou e ela caiu em um assento com dores, ofegando e tremendo''. Ela teve então um acesso de raiva e seu rosto ficou: ”Negro como um carvão de tanta ira”, e então passou a chamar-se de: ”pobre leprosa”. Esta ”santa e devota” Condessa, sacudiu seu filho até que ele vomitasse o leite que lhe foi dado.

Hoje em dia, tal atitude seria considerada abusiva, mas naquele período, seu comportamento foi o que levou a sua canonização! No entanto, nem todas as mulheres medievais e Tudor responderam desta mesma forma. A amamentação no período Medieval e Tudor era geralmente considerada um inconveniente. Enquanto a principal função das mulheres de classe alta ou nobreza fosse produzir filhos saudáveis, de preferência varões, por outro lado, acreditavam que não lhes cabiam a responsabilidade de alimentá-los. Este trabalho seria destinado a mulheres de classes mais baixas.

A rotina de amamentação em tese, incapacitaria e deixaria uma senhora ocupada, e para evitar isso, uma mulher seria nomeada para amamentar o bebê. Estas mulheres haviam tido recentemente seu próprio filho, e ele deveria ser do mesmo sexo do lactante. Apenas os mais ricos poderiam contratar os serviços de uma Ama para sua própria unidade familiar. De fato, durante o primeiro ano de sua vida, a maioria dos bebês de classe alta foram enviados para as casas de estranhos, cuja adequação foi julgada quase inteiramente em sua aparência física.

A Ama de leite foi considerada capaz de transmitir suas características a uma criança através de seu leite, sua dieta então teria de ser saudável, sem muito alho ou alimentos fortes, ela também deveria ser de temperamento bom, natureza plácida e aparência saudável.

A conduta do passado em relação a amamentação materna, tem sido hoje creditada como um dos fatores que contribuíram para o distanciamento nas relações entre pais e filhos no passado. Este tem sido um desafio para os historiadores, reconhecendo que é anacrônico aplicar nossos padrões pedagógicos para as culturas de outros séculos. Na verdade, os pais medievais e Tudor teriam considerado uma excelente oferta para seus bebês arranjar uma Ama de leite adequada. Atitudes modernas em relação a amamentação podem ter mudado, mas, ironicamente, eles colocaram a mãe que amamenta no século XX mais perto da experiência das mulheres pobres do passado.

Fonte: EQUIPE História Agora - Camila Maréga



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