terça-feira, 6 de setembro de 2011

CAZUZA PARA SEMPRE!!!


CAZUZA - GRANDES NOMES DA MPB - 77º


CAZUZA

Agenor de Miranda Araújo Neto. Este o nome de um dos maiores artistas da música brasileira. Poeta, irreverente, rebelde. Cheio de vida e amor, incendiou o país com sua voz rouca e sua letras cortantes. O nome, registrado em cartório por sugestão de um dos avós, ficou esquecido no baú da memória até pelo cantor, que na chamada da escola esquecia de responder, pois não conhecia Agenor. Desde pequeno se fez Cazuza. Um mito, um símbolo, uma saudade, uma dor.

Morreu com apenas 32 anos de idade, levado pelo mal do século XX. Uma doença que se tornou conhecida pela sigla, por quatro letras: AIDS.

No final da década de 80, quando o cantor já tinha confessado ser soropositivo e estava a caminho do fim, a Revista Veja publicou uma reportagem com chamada de capa que causou polêmica e promoveu um estouro nas vendas. O título: “Cazuza – uma vítima da AIDS agoniza em Praça Pública”. E a foto do compositor magro, com poucos cabelos, usando óculos, um rosto sério e triste – como se estampasse: “Não há mais nada a fazer!”.

Antes de tudo isso, porém, Agenor iria fazer história como um dos melhores artistas do pop/rock e da música popular brasileira.

Nasceu no Rio de Janeiro, em abril de 1958 e disse adeus na mesma cidade, em julho de 1990. Estaria com 53 anos, se não o tivessem chamado tão cedo. Mas deve estar no céu, como um beija-flor, tendo encontrado sua ideologia e chegado a conclusão que um dia o tempo para.

Agenor (só começou a gostar do nome quando descobriu que assim também se chamava Cartola, um dos seus compositores favoritos) era filho de João Araújo, produtor fonográfico e Lucinha Araújo, dona de casa, cantora e heroína. Enfrentou a doença do filho com bravura, virou celebridade e criou uma Fundação para eternizar ainda mais o legado do seu menino.

Desde pequeno Cazuza foi influenciado pelos grandes artistas da música brasileira. Ouvia Dolores Duran, Maysa, Dalva de Oliveira. Gostava de Lupicínio Rodrigues, Cartola, Noel Rosa.

Por conta da profissão do pai, conviveu desde novo com um monte de gente boa. Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e João Gilberto, dentre outros artistas do primeiro time da MPB.

O voo de Agenor rumo ao estrelato aconteceu quando entrou numa “banda de garagem” do Rio de Janeiro. Com Roberto Frejat, Dé Palmeira, Maurício Barros e Guto Goffi integrou a Barão Vermelho, que renovou e ampliou nos anos 80 a qualidade do rock brasileiro.

Os primeiros discos venderam pouco, mas os rapazes chamaram a atenção dos colegas do meio musical e produziram alguns clássicos que ainda hoje são cantados por diferentes gerações. Como “Todo Amor que houver nesta Vida”, gravado posteriormente por Caetano Veloso, e “Pro Dia Nascer Feliz”, sucesso na voz de Ney Matogrosso e que deu grande impulso à banda.

Bete Balanço, que virou música e tema de um filme com o mesmo nome, veio na esteira do sucesso dos trabalhos anteriores e esteve entre as canções mais executadas nas rádios do país.

Em meados dos anos 80 Cazuza optou por fazer carreira solo. Quando lançou o seu primeiro disco, “Exagerado”, os sintomas da doença já vinham se manifestando. O disco de 1985 traz uma de suas obras primas, a música “Codinome Beija Flor”, ouvida por todo o Brasil em sua voz e na de outros intérpretes, como a cantora Simone.

Ao mesmo tempo que tratava da saúde, tendo ido inclusive com o pai aos Estados Unidos - que estava à frente na luta contra a AIDS -, Cazuza trabalhava. Lançou novo disco em 86, 87 e 88. Surgiram hits como “Só se for a dois”, “O Nosso Amor a Gente Inventa”, “Faz Parte do Meu Show”, “Ideologia” e “Brasil”. Este último, na voz de Gal Costa, se espalhou pelo país, pois foi tema da novela Vale Tudo, exibida pela Rede Globo.

Em fevereiro de 1989 Cazuza confessou publicamente que era soropositivo. Um dos primeiros a ter essa coragem, provocando com seu gesto uma reflexão e a criação de uma consciência em relação à doença. Neste ano o artista compareceu à cerimônia do Prêmio Sharp numa cadeira de rodas , recebendo os prêmios de melhor canção para "Brasil" e melhor álbum para "Ideologia".

Em 1989 seu último trabalho em disco. Burguesia é um álbum duplo, com um lado mais pop e outro bem MPB. Um disco bonito e triste, mesclando poesia, criatividade e o sentimento de impotência, de revolta. “Cobaias de Deus”, que expressa a concepção do vinil melhor do que qualquer outra faixa deu a Cazuza, já postumamente, o prêmio Sharp de melhor canção.

Cazuza encantou-se em 1990. Virou Sociedade, Fundação, Livro, Filme. Foi ídolo da geração que foi às ruas pelas diretas. Começou a se despedir, em 1989, quando um grito ecoava pelo país pedindo Lula presidente.

Em 1997 Cássia Eller lançou o disco Veneno AntiMonotonia, com todas as composições de Cazuza.

O Tempo realmente não Para. Tudo muda. Tudo um dia acaba. Mas Cazuza virou estrela do céu, está por aí. Ainda está aqui. No MP3, na TV, no DVD, no cinema, na revista, no jornal, nas páginas da internet. 

Viva Cazuza!

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