segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O mito do Recife de todos os ritmos



Por Robson Fernando de Souza para o Acerto de Contas

Diz-se entre os mais bairristas que Recife é uma cidade altamente multicultural, que acolhe pessoas de todos os gostos, estilos, ritmos. Mas uma olhada no panorama musical atual da cidade nos revela que a máxima “Recife, uma cidade de todos os ritmos”, tão propalada no Carnaval, nada mais é do que um mito, se não apenas uma lembrança do passado. Hoje o cenário é tal que os apenas os aderentes de alguns gêneros sonoros populares e os ecléticos são bem tratados pelos points da cidade, enquanto muitos não ecléticos, de gostos mais específicos e restritos, sofrem algo que podemos considerar umaexclusão musical.

Por um lado, simpatizantes de ritmos como brega, forró, “forró” eletrônico, pagode, swingueira, MPB, axé, trance, reggae, rock dos anos 60 e 70 e Jovem Guarda encontram na cidade portos seguros que podem frequentar regularmente. Por outro, fãs não ecléticos da música dos anos 80, do rock manguebítico dos anos 90, de country, da black music americana, de new age, de world music, de new metal etc. são praticamente excluídos.

Há uma falta séria de boates e bares de nicho musical, voltados para os gêneros citados. Se, digamos, o pop-punk ou o R&B é meu estilo favorito, não conto com lugares em que um ou outro seja o ritmo principal tocado. Posso encontrar no máximo esparsos bares cujos DJs tenham aleatória boa vontade ou cujas jukeboxes contenham umas poucas músicas de meu gosto – mais uma longa fila de playlist graças aos pedidos de muitos outros clientes.

O caso da música da década de 80 é emblematicamente dramático. Se há 20 anos o synthpop, o new wave, o glam rock dos cabeludos, o pós-punk, o pop Jackson-Madonniano e o BRock tocavam em todo canto da cidade, hoje não há sequer uma boate ou bar que se dedique àquela década. Faz séria falta uma Autobahn (boate paulistana cujo tema é anos 80), onde pudéssemos dançar ao som de Take on Me, Pale Shelterou Bizarre Love Triangle por aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário